O Baralho Cigano tem uma história cercada de mistérios. Em vários estudos, é apontada sua criação e divulgação pela francesa Anne Marrie Adelaide Lenormand e difundido por um povo nômade, tão fascinante quanto suas cartas. Madame Lenormand, nascida em 1772, ficou famosa pelas previsões feitas com seu Baralho, o qual leva o seu nome. Nessas cartas Madame leu o destino do temível Robespierre (importante figura da Revolução Francesa), mas também de outras grandes figuras da realeza da alta sociedade francesa, além de políticos e grandes líderes como Napoleão Bonaparte, do qual ela profetizou a grandeza e a queda.
Sabe-se apenas que, além de cartomante, Madame Lenormand era também astróloga, numeróloga e quiromante, e possuía profundos conhecimentos sobre cristais, plantas, geomancia, dominomancia e cafeomancia. Todos esses conhecimentos contribuíram com certeza para que ela criasse esse baralho que revolucionou a prática da cartomancia. Após sua morte em 1843, os segredos do Baralho Cigano desapareceram temporariamente, e somente cerca de 50 anos depois eles foram recuperados com a descoberta de alguns manuscritos deixados por ela.
Assim, houve a difusão de alguns tipos de baralho, o conhecido como Lenormand e ilustrado com figuras da época, e ainda hoje fabricado na França. Outros com figuras mais simples e atuais, correspondente à versão utilizada pelos Ciganos, e por isso chamado "Baralho Cigano", também pelo fato de que os Ciganos foram o instrumento de propagação desse baralho mágico.
Os Ciganos, unificaram a leitura do seu baralho de naipe a ilustração das figuras, que permitia uma rápida compreensão do seu significado, o que fez com que o utilizassem constantemente, fazendo que com o tempo o próprio nome do baralho fosse associado a eles.
Essa facilidade de interpretação ajudou também a popularizá-lo, não apenas entre os Ciganos, mas entre os cartomantes em geral, pois as mensagens contidas em suas cartas são tão claras que seu significado é de fácil entendimento.
Extremamente valioso para o nosso dia-a-dia, o Baralho Cigano pode ser visto como orientador e confidente, nos apontando a tomada de decisões e nos prevenindo dos perigos que nos cercam.
E diante dos benefícios do Baralho Cigano, devemos sempre agradecer e valorizar esse ensinamento deixado por Lenormand e pelo povo Cigano, que abriu as portas de seus conhecimentos e sua magia, nos permitindo fazer uso desse magnífico oráculo.
O tarólogo e escritor Constantino K. Riemma expõe com riqueza de detalhes sua pesquisa sobre as origens do Baralho Cigano em seu artigo " O imaginário Tarot Cigano". Eis o que nos revela Constantino: " Muito tempo antes dos ciganos se instalarem na Europa (século XV), os nobres italianos e franceses já encomendavam, a preço de ouro, o baralho de tarot. As mulheres ciganas faziam a conhecida "leitura da sorte" através da Quiromancia (leitura das linhas das mãos), e com o passar do tempo foram impressos os baralhos, tornando então os jogos acessíveis e possibilitando que os ciganos começassem também a usar as cartas para ler a sorte, por serem pequenas e fáceis de manusear. Foi devido a esse fato que o povo cigano foi associado às cartas de jogar.
Conforme já mencionei, não existe nenhum indício histórico que comprove que o baralho foi inventado pelos ciganos, até porque os dons artísticos do desenho e da escrita não eram seu ponto forte, além de não possuírem tecnologia para a impressão dos baralhos em papel, por se tratar de um povo nômade.
O "PETIT LENORMAND": O "Petit Lenormand" ( pequeno Lenormand) foi publicado primeiro em 1828 e era chamado "La Sybille Des Salons". Ele continha as mesmas 52 cartas do baralho comum . Em 1840 foi desenhado novamente por Mlle. Lenormand e reduzido a 36 cartas, ficando por isso conhecido como "petit" (pequeno). Esse baralho é formado por 9 cartas de cada um dos 4 naipes do baralho comum, no total de 36. Porém, são usadas apenas as cartas de números 6 até 10, excluindo o cavaleiro. A numeração das cartas segue uma ordem própria, e não segue o critério dos naipes nem o da numeração das cartas de jogar. Foram colocadas figuras nas cartas para facilitar o entendimento e a compreensão de seus significados. O sucesso e a popularidade que o Baralho Lenormand conquistou acabou gerando o surgimento de várias cópias e imitações por toda a Europa, o que ainda acontece até hoje, como é o caso do "Tarot Cigano".
O "GRANDE LENORMAND": O "La Sybille Des Salons" é o baralho mais antigo de Mlle. Lenormand. Ele contém 52 cartas, cada uma com um personagem diferente. As 52 cartas desse baralho correspondem às cartas do baralho comum, com 13 cartas para cada naipe, excluindo o cavaleiro do tarot tradicional. Os baralhos de Mlle. Lenormand são imitados até hoje por muitas editoras. Algumas versões tem 54 cartas, ou seja, duas a mais que no baralho comum, que são "o homem" (consulente masculino) e " a mulher" (consulente feminino). Apenas nas últimas décadas foram criados baralhos chamados "ciganos", cujos desenhos, na maior parte, são baseados no Petit Lenormand, como é o caso da versão brasileira dos ciganos Miriam Staneskon e Antônio Akbar.
É importante, porém, frisar que esse baralho sofreu modificações com o tempo, desde sua utilização na França até sua chegada no Brasil. Devemos, inclusive, a Katja Bastos e César Bastos, com sua edição do Tarot Cigano, algumas da interpretações que perpetraram no nosso imaginário e nas publicações seguintes à essa publicação, que acresceram a esse baralho um quê de Brasil, aproximando-o de nossa realidade, mas afastando-se da tradição - vale a pena comparar a edição, de 1993, dos referidos autores, com as edições posteriores de diversas editoras, sobretudo no que concerne à atribuição de determinados Orixás à certas cartas.
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